Mateus 10:1-14 descreve um momento crucial no ministério de Jesus: a convocação e envio dos doze discípulos. Esses versículos revelam a autoridade dada por Jesus, as instruções práticas e espirituais para a missão e a postura esperada dos discípulos diante das adversidades.

Neste estudo, exploraremos cada parte desse texto de forma detalhada, analisando as orientações de Jesus para os apóstolos e sua relevância para os cristãos hoje. Entenderemos como essa passagem molda nossa compreensão sobre a obediência e a dependência de Deus em nossa caminhada de fé.

Estudo Versículo a Versículo

Versículo 1

“E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.”

Jesus dá aos doze discípulos autoridade divina, capacitando-os para enfrentar as forças espirituais do mal e curar doenças. Essa autoridade não vinha deles, mas de Jesus, mostrando que qualquer sucesso no ministério depende do poder de Deus (João 15:5). Além disso, esta delegação de poder destaca a intenção de Jesus de expandir seu ministério por meio dos apóstolos, preparando-os para a Grande Comissão (Mateus 28:18-20).

Versículos 2-4

“Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: o primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu; Simão o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que também o traiu.”

A lista dos doze apóstolos mostra a diversidade do grupo escolhido. Entre eles estão pescadores (Pedro, André, Tiago, e João), um cobrador de impostos (Mateus) e até Judas, que mais tarde trairia Jesus. Isso demonstra que Deus usa pessoas comuns, com diferentes origens, para realizar Sua obra, enfatizando que o chamado divino não depende de méritos humanos, mas da graça de Deus (1 Coríntios 1:26-29).

Versículos 5-6

“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.”

Aqui, Jesus restringe a missão inicial dos discípulos às “ovelhas perdidas de Israel”, ou seja, os judeus. Isso não significa exclusividade eterna, mas uma estratégia temporária, pois o Evangelho seria depois proclamado a todas as nações (Mateus 28:19). Essa orientação destaca o cuidado de Deus em cumprir Suas promessas ao povo de Israel, reafirmando Sua fidelidade (Romanos 1:16).

Versículos 7-8

“E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.”

Os discípulos são enviados com uma mensagem clara: o Reino de Deus está próximo. Suas ações sobrenaturais deveriam confirmar a autenticidade dessa mensagem. A instrução “de graça recebestes, de graça dai” ressalta que o ministério cristão não deve ser motivado por ganho pessoal, mas pelo desejo de glorificar a Deus e servir aos outros (2 Coríntios 9:7).

Versículos 9-10

“Não possuais ouro, nem prata, nem cobre em vossos cintos; Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sapatos, nem bordão; porque digno é o operário do seu alimento.”

Jesus instrui os discípulos a confiar na provisão de Deus e na hospitalidade daqueles que receberiam a mensagem. Isso ensina a importância da dependência total de Deus em nosso chamado, lembrando que Ele suprirá todas as nossas necessidades (Filipenses 4:19).

Versículos 11-13

“E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí, até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.”

A orientação para buscar “quem seja digno” refere-se a pessoas receptivas à mensagem do Evangelho. A saudação de paz simboliza a bênção de Deus sobre aqueles que acolhem a mensagem. Isso mostra que a obra missionária é um trabalho de parceria, onde há uma responsabilidade tanto do mensageiro quanto do receptor (Lucas 10:6).

Versículo 14

“E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.”

Sacudir o pó dos pés era um gesto simbólico que representava o rompimento de qualquer ligação com aqueles que rejeitavam a mensagem. Isso ensina que a rejeição não deve desanimar os discípulos, pois o sucesso no ministério está em ser fiel ao chamado, e não nos resultados visíveis (1 Coríntios 4:2).

Conclusão

Mateus 10:1-14 é um guia poderoso para os cristãos que desejam compreender sua missão no mundo. Ele revela a soberania de Jesus ao delegar autoridade, destaca a importância da obediência e mostra que a dependência de Deus é essencial em todas as áreas da vida.

Assim como os discípulos foram enviados, nós também somos chamados a compartilhar o Evangelho. Este chamado exige coragem, fé e uma disposição para enfrentar rejeições. Entretanto, Jesus nos garante que Ele estará conosco em todas as circunstâncias (Mateus 28:20).

Esse texto também nos lembra que Deus usa pessoas comuns para realizar coisas extraordinárias, independentemente de suas limitações. Nossa confiança deve estar no poder de Deus, e não em nossas habilidades.

Por fim, somos encorajados a viver como embaixadores do Reino, levando a mensagem de paz e reconciliação ao mundo. A fidelidade em seguir as instruções de Jesus é o que nos capacita a cumprir nosso chamado.