A passagem de Mateus 8:18-22 nos apresenta um convite desafiador de Jesus para aqueles que desejam segui-lo. Nela, vemos a profundidade do compromisso necessário para se tornar um discípulo autêntico. O texto nos confronta com o custo do discipulado, evidenciando que seguir a Cristo exige prioridade total e disposição para deixar tudo por amor a Ele.

Neste trecho, Jesus lida com dois homens que expressaram o desejo de segui-lo, mas cujas respostas revelaram a necessidade de um coração totalmente rendido. Esta narrativa nos desafia a refletir sobre o que estamos dispostos a abrir mão para nos entregarmos plenamente ao Senhor.

Explicação Versículo por Versículo

Mateus 8:18 – “E Jesus, vendo em torno de si uma grande multidão, ordenou que passassem para o outro lado.”

Neste versículo, Jesus percebe a multidão que o seguia, mas decide atravessar para o outro lado do Mar da Galileia. Essa atitude demonstra que, enquanto muitos buscavam milagres e sinais, poucos estavam verdadeiramente comprometidos com seu ensino. Jesus frequentemente se afastava das multidões para se dedicar àqueles que estavam prontos para um discipulado genuíno (Lucas 9:57-62). Este gesto nos ensina que nem todos que estão perto de Cristo estão realmente dispostos a segui-lo de forma sacrificial.

Mateus 8:19 – “E, aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei.”

A declaração do escriba parece admirável, mas Jesus, conhecendo os corações, não se deixa impressionar por palavras. Em muitos casos, o desejo de seguir a Cristo era superficial e baseado em emoções momentâneas. O escriba, alguém acostumado ao conforto e ao prestígio, precisaria compreender que o discipulado envolve desconforto e incerteza. Este exemplo nos alerta sobre a necessidade de avaliar se estamos dispostos a sacrificar nosso conforto pelo chamado de Deus (Lucas 14:26-27).

Mateus 8:20 – “E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.”

A resposta de Jesus enfatiza a realidade do discipulado: um chamado que pode envolver renúncia e privações. Ele deixa claro que seguir a Cristo é caminhar em um caminho de abnegação. Ao contrastar sua própria situação com a segurança das raposas e aves, Jesus destaca que a jornada do discípulo exige desprendimento das seguranças terrenas (2 Coríntios 8:9).

Mateus 8:21 – “E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar meu pai.”

Este pedido, à primeira vista, parece razoável. Contudo, a expressão “sepultar meu pai” pode significar mais do que um simples enterro; pode se referir à espera pela morte do pai para cumprir responsabilidades familiares. Jesus usa este momento para ensinar que o discipulado requer prioridade absoluta. Nada pode estar acima do chamado divino, nem mesmo os compromissos mais importantes (Lucas 14:33).

Mateus 8:22 – “Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos.”

Jesus responde com uma frase paradoxal, demonstrando que os mortos espiritualmente (aqueles que não têm a vida de Deus) podem cuidar das responsabilidades terrenas. Sua prioridade é clara: o Reino de Deus exige entrega total. Esta declaração desafia nosso apego aos valores terrenos e nos chama a priorizar as coisas do alto (Colossenses 3:2).

Conclusão

O chamado ao discipulado em Mateus 8:18-22 não é apenas para aqueles que viveram nos tempos de Jesus, mas também para nós hoje. Ele exige uma resposta radical, que desafia nosso apego ao conforto, ao prestígio e às obrigações terrenas. A decisão de seguir a Cristo não deve ser tomada de forma impulsiva, mas com plena consciência do preço que ela implica.

Este texto nos leva a refletir: estamos dispostos a renunciar nossas seguranças por amor a Cristo? Sua resposta ao escriba e ao discípulo nos mostra que o discipulado é uma jornada que requer sacrifício e fé. Seguir Jesus é reconhecer que Ele é a nossa maior prioridade, acima de qualquer relação ou obrigação terrena.

Que possamos examinar nosso coração e colocar Jesus no centro de nossas vidas, sabendo que Ele nos chama não para o conforto, mas para uma vida de propósito eterno. E, ao respondermos a esse chamado, que possamos viver de maneira que glorifique a Deus, confiando que Ele é suficiente para suprir todas as nossas necessidades.