O Sermão da Montanha é um dos ensinamentos mais icônicos de Jesus e está registrado nos capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus. No início desse sermão, encontramos as “Bem-Aventuranças” — Mateus 5:1-12 — uma coleção de declarações que desafiam a visão comum sobre felicidade e bênção, oferecendo uma perspectiva do Reino de Deus. Essas palavras trazem consolo aos humildes, aflitos e perseguidos, revelando que o verdadeiro bem-estar não depende das circunstâncias terrenas, mas do favor divino.
Essas palavras de Jesus nos ensinam sobre as características que o Reino de Deus valoriza, contrastando-as com as expectativas do mundo. Através dessas bênçãos, Ele nos convida a refletir sobre o que realmente importa em nossa caminhada espiritual e como podemos viver de acordo com os princípios do Reino, recebendo a verdadeira felicidade que transcende as tribulações temporais.
Explicação Versículo por Versículo
Mateus 5:1: “E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;”
Neste versículo, Jesus percebe a grande multidão e decide subir a um monte. O monte representa um lugar elevado, onde Ele poderia ser ouvido claramente, mas também simboliza o local onde Deus revela verdades profundas, assim como fez com Moisés no Sinai. Quando Jesus se assenta, isso reflete a postura de um mestre rabino, pronto para ensinar. Seus discípulos se aproximam, demonstrando que o ensinamento seria dirigido a eles, mas aberto a todos que estivessem dispostos a ouvir.
Mateus 5:2: “E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:”
Esta introdução revela que o discurso de Jesus é intencional e cuidadosamente planejado. Abrir a boca significa que Ele está prestes a transmitir algo significativo. Aqui, Jesus não apenas fala, mas ensina. Ele não está compartilhando meras palavras de conforto, mas trazendo verdades que desafiam o coração e a mente de seus ouvintes, oferecendo um novo caminho de vida.
Mateus 5:3: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;”
Ser “pobre de espírito” significa reconhecer nossa total dependência de Deus. Os que são pobres de espírito sabem que, por si mesmos, não podem agradar a Deus ou alcançar a salvação. Eles confiam plenamente na graça divina. Essa atitude humilde é recompensada com o Reino dos céus, que é o governo de Deus sobre suas vidas, presente agora e plenamente manifestado na eternidade (Tiago 4:6).
Mateus 5:4: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;”
Jesus fala de um choro que vai além das tristezas naturais da vida. É um lamento espiritual, uma tristeza pelo pecado e pelas consequências do mal no mundo. A promessa de consolo reflete a compaixão de Deus, que oferece conforto àqueles que lamentam sinceramente sua condição espiritual e o sofrimento ao seu redor (Isaías 61:2).
Mateus 5:5: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;”
A mansidão não é fraqueza, mas força sob controle. Os mansos são aqueles que, em humildade, se submetem à vontade de Deus e evitam agir em raiva ou vingança. Eles são capazes de esperar pacientemente pela justiça de Deus. A promessa de herdar a terra pode ser vista tanto como uma referência ao reinado futuro dos justos quanto ao descanso espiritual que já experimentam (Salmos 37:11).
Mateus 5:6: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;”
A fome e a sede de justiça descrevem um desejo intenso por viver de acordo com os padrões de Deus e ver sua justiça se manifestar no mundo. Aqueles que buscam essa justiça, tanto em suas vidas pessoais quanto na sociedade, serão satisfeitos. Deus promete suprir essa necessidade, preenchendo-os com a plenitude de Sua justiça e verdade (Salmos 107:9).
Mateus 5:7: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;”
A misericórdia envolve não apenas sentir compaixão, mas agir em favor dos necessitados. Aqueles que são misericordiosos refletem o coração de Deus e, como resultado, recebem Sua misericórdia em retorno. Esta reciprocidade espiritual ressalta que o tratamento que oferecemos aos outros reflete o tratamento que recebemos de Deus (Lucas 6:36).
Mateus 5:8: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;”
Os limpos de coração são aqueles que possuem pureza interior, cujas motivações e intenções são puras diante de Deus. Não se trata apenas de uma pureza externa, mas de uma transformação completa que permite uma comunhão íntima com Deus. A promessa de “ver a Deus” implica em uma relação profunda com Ele, tanto agora quanto na eternidade (Salmos 24:3-4).
Mateus 5:9: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;”
Pacificadores são aqueles que buscam reconciliar conflitos e promover a paz, refletindo a natureza de Deus, o Príncipe da Paz (Isaías 9:6). Eles não apenas evitam conflitos, mas ativamente trabalham para trazer harmonia. Por espelharem o caráter de Deus, são reconhecidos como Seus filhos.
Mateus 5:10: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;”
Os que sofrem por causa de sua fidelidade a Deus e à justiça são considerados abençoados. Embora o mundo possa rejeitar aqueles que seguem a Deus, eles possuem a maior recompensa — o Reino dos céus. Sua perseguição é uma prova de sua fé e lealdade, e Deus promete que eles não perderão sua recompensa (2 Timóteo 3:12).
Mateus 5:11: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa;”
Jesus amplia o conceito de perseguição, incluindo insultos e falsas acusações. Ele faz isso para lembrar que, quando somos perseguidos por causa de nosso relacionamento com Ele, estamos participando das mesmas dificuldades que os profetas enfrentaram. Isso demonstra que ser fiel a Cristo muitas vezes envolve enfrentar mal-entendidos e oposição.
Mateus 5:12: “Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.”
A conclusão das Bem-Aventuranças traz uma mensagem de encorajamento. Embora a perseguição seja dolorosa, aqueles que perseveram têm uma grande recompensa reservada nos céus. Jesus nos lembra que essa perseguição não é nova, pois os profetas também sofreram por sua fidelidade. Isso nos coloca em uma linha de continuidade com os grandes servos de Deus.
Conclusão
As Bem-Aventuranças oferecem uma nova maneira de ver o mundo e a vida espiritual. Enquanto o mundo valoriza poder, riqueza e conforto, Jesus nos ensina que o Reino de Deus valoriza a humildade, a mansidão, a justiça e a pureza de coração. Cada bem-aventurança desafia nossa mentalidade natural e nos convida a abraçar os valores divinos.
Ser “bem-aventurado” não significa ter uma vida livre de problemas, mas viver com a certeza de que Deus está presente e nos recompensará no tempo certo. As promessas associadas a cada bem-aventurança nos lembram que a verdadeira felicidade vem de viver em harmonia com os princípios de Deus e buscando Sua justiça.
Essas palavras de Jesus também nos ensinam que o Reino dos céus é tanto uma realidade presente quanto uma promessa futura. Quando vivemos de acordo com as Bem-Aventuranças, experimentamos o Reino de Deus em nossas vidas agora e aguardamos a plenitude dessa realidade no futuro.
Assim, somos convidados a viver com uma perspectiva eterna, sabendo que, apesar das dificuldades e desafios, Deus vê, se importa e recompensará aqueles que seguem Seus caminhos. Que possamos, portanto, buscar as características descritas por Jesus e viver em alinhamento com os valores do Reino.
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